segunda-feira, julho 17, 2006

Daniel Oliveira e a Igreja

Tenho pelo Daniel Oliveira a mesma admiração que julgo ter ele pela Lili Caneças. A etiologia desta admiração radica, penso eu, no gosto inconfessado, mas seguramente sórdido, pelo disparate dos outros. No gracejo que nos provoca o que pensamos ser o ridículo alheio. Contudo, não é a pessoa dele que me fascina. São as enormidades que escorrem da sua pena. Vem isto a propósito do que Daniel Oliveira escreveu sobre a Igreja, esta semana, no Expresso, esgravatando, pelo visto, em terrenos que se pensavam domínio do sempre douto Vital Moreira.

Há um equívoco tremendo no papel que eles pensam (ou dizem que pensam) ser o da Igreja. Por muito que lhes custe, a Igreja tem uma acção política, entendida esta no sentido de se pretender conformar o destino dos povos com as imutáveis referências do cristianismo. A par desta acção, há uma outra, principalíssima, que visa o robustecimento da fé de cada um, na sua mais íntima esfera pessoal, bem como no florescimento da mensagem de Cristo no coração de cada pessoa. Uma e outra acções não são alternativas, como pensaram erroneamente alguns teólogos, desde logo os da denominada libertação. São intrinsecamente cumulativas.

Daí que só por ignorância ou má fé se pode criticar a Igreja por pretender que o Estado, através da sua teia normativa, não permita a ofensa desses valores cimeiros. Por isso, historicamente, a Igreja se bateu pela abolição da escravatura e da pena de morte e se pronunciou, mais recentemente, contra a guerra como meio primeiro de resolução de conflitos.

Não se estranhará por isso que a Igreja venha defender intransigentemente o direito à vida e a Família, enquanto célula essencial do crescimento pessoal. Não cabe à Igreja legislar sobre estas matérias, essa é tarefa do legislador. Isto não equivale a dizer que a Igreja não lhe dê a conhecer as razões da sua razão. Foi o que fez Bento XVI há dias em Valência. E é claro: quando o Santo Padre fala a sanha contra os Cristeros aviva-se...

O que não deixa de ser curioso é que haja pessoas, como o Daniel, que não se limitam a defender aquilo em que acreditam, optando por zurzir os que escolhem defender o seu contrário.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Etiologia!? Estou muito desactualizado.
Já agora, isso de não linkar os outros é muito feio. Vê-se que és novato por aqui.

7/17/2006 11:47 da manhã  
Blogger vox patriae said...

Cara Pricesa Diana,
Estás desactualizada? A tua actualização está à distância de um dicionário (www.infopedia.pt). Não linkar os outros é muito feio??? Achava que feio era não citar as fontes. Sou novato por aqui, sim senhora e vejo que senhora tem muita experiência...

7/17/2006 2:54 da tarde  

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