sexta-feira, julho 21, 2006

Coitadinhos

A opinião que se vem formando junto da opinião pública acerca do que está a acontecer no Médio Oriente lembra-me a admiração que o povo português, em particular, sente pelos coitadinhos. Em Portugal temos um grande problema em lidar com o sucesso (dos outros); normalmente associamos esse sucesso a esquemas "malucos" ou a expedientes menos lícitos. Sim, porque isto de ganhar mais do que eu tem de trazer água no bico. Raramente conseguimos admitir que os outros possam ser melhores que nós. Por este motivos, odiamos quem vinga, desprezamos os ricos e famosos (os verdadeiros, não os que aparecem nas revistas), fundamentalmente porque não suportamos a felicidade alheia. Por outro lado, demonstramos uma piedade imensa por quem sofre, por esta ou por aquela razão; choramos pelas vítimas do Tsunami, pelos timorenses, pelos sem abrigo, indignamo-nos perante a miséria e a pobreza. Habitualmente, alguns de nós culpam os mais ricos e sortudos pelo azar dos outros e gostariam que fossem aqueles a suportar os males do mundo. Lembram-se ainda do Zé Maria, essa personagem do big brother que fez as delícias de (quase) todos nós? E porquê? Porque era pobre, fraco, carente e auto-destrutivo. Esta é a verdade. Bem, esta conversa de chacha vem a propósito do que se passa no Médio Oriente. A verdade é que a grande maioria até preferia estar pelos israelitas, coitados, que sofreram tanto na II Grande Guerra. Infelizmente não é possível; e porquê? Porque os malandros decidiram defender-se. Porque têm a lata de não ser uns coitadinhos. Porque não se deixam sucumbir perante os terroristas do Hamas e do Hezbollah que não reconhecem a existência de Israel e vivem unicamente para a sua destruição. Esta é a verdade: se Israel depusesse as armas e fosse chacinado pelos terroristas talvez aí obtivesse o nosso apoio. Como preferiu pegar em armas e atacar os terroristas para defender a sua existência enquanto país - por acaso o único democrático naquela zona - não pode beneficiar da nossa simpatia. As pessoas não querem saber de que grande parte dos países que rodeiam Israel não o reconhecem enquanto tal; o facto do Presidente iraniano ser anti-semita primário, negando o holocausto, pouco interessa; que a Síria e o Irão fornecem armas aos terroristas do Hezbollah e outros também pouco releva; que estes mesmos terroristas têm como alvos, ao longo das últimas décadas, civis é de somenos. O que importa verdadeiramente é que Israel só teria a nossa simpatia e o nosso apoio se deixasse de existir, se fosse destruído pelos seus vizinhos.
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