terça-feira, junho 06, 2006

O erro timorense

Tenho cada vez mais dúvidas acerca da intervenção da GNR em Timor. Para todos os efeitos, estamos a falar de um país independente, com órgãos de soberania próprios, os quais foram eleitos democraticamente.
Na sequência de uma muito mal contada rebelião militar liderada por um tal de Reinado, têm ocorrido saques, pilhagens e muitas casas queimadas. Ao que parece o actual Primeiro-Ministro, eleito democraticamente, não agrada a alguns, nomeadamente ao Presidente Xanana Gusmão.
Ainda hoje, numa manifestação autorizada por Ramos Horta, o qual viu os seus poderes reforçados ao assumir a pasta da Defesa, alguns milhares de pessoas reuniram-se em frente ao palácio presidencial gritando por Xanana e pedindo a demissão de Alkatiri.
Bem sei que Timor ainda agora se fez país, mas as regras democráticas são (ou deviam ser) iguais em todo o lado. Se Alkatiri foi eleito democraticamente e a maioria (será a maioria!?) deixa de gostar do Primeiro Ministro terá de aguardar por eleições para mostrar o seu descontentamento nas urnas.
Ao mandar a GNR para Timor, Portugal está a imiscuir-se nos assuntos internos timorenses. E ainda que a intervenção se tenha dado a pedido do Presidente e do PM (terá sido!?), estamos a abrir um precedente perigoso.
O que está a acontecer em Timor resulta de quezílias internas que deverão ser os timorenses a resolver. Não o fazendo arriscam a tornar-se num território sob o domínio militar e económico australiano.
Quanto a Portugal, seria mais avisado ponderar bem as implicações de intervenções deste género, nomeadamente no que respeita ao custo das mesmas e também quanto ao seu âmbito de intervenção (as mais recentes notícias acerca da incapacidade da GNR para intervir em deterimento dos militares australianos têm sido confrangedoras e reveladoras do ridiculo do discurso de cariz nacionalista que Freitas fez há dias).
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