D. Miguel e D. Pedro
A minha família atravessou os séculos estando sempre do lado mais conservador. Fomos miguelistas, estivemos no cerco do Porto; continuámos a ser monárquicos após a implantação da república, o meu trisavô e bisavô lutaram pelos seu ideais nas invasões monárquicas. Não gostávamos de Salazar e no 25 de Abril, assustámo-nos com o que poderia acontecer à família.
Lembro-me quando era pequeno de visitar um solar, que ainda se conserva na família, e descobrir a história da família. Em cima da entrada estava um pano preto completamente esfarrapado, só mais tarde percebi o que era. Nós, os irmãos, sentíamos orgulho ao olhar para a casa e para o pinhal. Havia um certo sentimento de pertença que pairava no ar .
A minha mãe contava que no tempo da guerra entre irmãos, os homens de D. Pedro visitaram a casa da família à procura do senhor da casa para o prender. Teve que se refugiar num esconderijo, que ainda hoje se desconhece a localização exacta. O meu irmão Pedro e eu, discutíamos, existia a rivalidade própria entre irmãos, que nesse tempo crescia ainda mais ao ouvir as histórias.
Ao estudar história ficava triste, D. Miguel era sempre o mau que queria mandar sozinho, e D. Pedro o herói. Não nos ensinam que D. Pedro foi o primeiro Grão Mestre da Maçonaria no Brasil, e que por ele o poder da organização aumentou consideravelmente, levando à implantação da república. Que foi Rei apesar de ter recusado o trono com o grito do Ipiranga, quebrando a união entre o Império.
1 Comments:
Caro Miguel, está por ser escrito um bom guião de uma "série" ou de um filme em torno deste drama. Todas as famílias se viram divididas. Todas experimentaram o travo da injustiça. Todas foram vítimas de qualquer coisa. Sentiste o que dizes ter sentido quando te cruzaste com a História ou com a memória da tua Família. É esse encontro que devia ser proporcionado a todos ...
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