sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Dissabores

Li esta notícia através do Blue Lounge e fiquei roxa de raiva.
O AA Gill (ou será a AA Gill?), nessa notícia e a (des)propósito da sua opinião acerca do restaurante português Tugga (passo a publicidade) que abriu em Londres no ano passado falou mal de Portugal, dos Portugueses e da comida Portuguesa. Tomei a liberdade de fazer uma tradução livre de algumas partes do texto e desde já me penitencio por qualquer incorrecção nessa mesma tradução:
"Nunca estive em Portugal (...) É com autoridade desinteressada que poderei dizer que Portugal é a Bélgica para os golfistas, um lugar tão "esquecível" que ainda não encontrámos uma alcunha desagradável para lhe dar"
"Portugal é o mais antigo aliado da Grã Bretanha - como aquele estudante estrangeiro (de programa de intercâmbio) com o qual a tua mãe te forçou a seres simpático e que apareceu com uns óculos fundo de garrafa e o traje nacional."
“Portugal está fadado a ser o mini-eu da Espanha. É a Espanha que é conhecida pelos seus marinheiros e descobridores, quando de facto os Portugueses foram melhores e mais corajosos nisso. A Espanha teve o fascismo e Franco; Portugal teve um tipo chamado Salazar mas que ninguém reparou. A Espanha ficou com a touradas, flamenco, Penélope Cruz e Real Madrid; Portugal ficou com os campos de golf, porto, cabras e empregadas domésticas. Digam-me três portugueses famosos que não foram marinheiros. (...)
No pequeno Portugal a comida é bem intencionada mas bastante má. Antes que digam alguma coisa, nunca comi (comida portuguesa) bem feita pois nunca ninguém se deu ao trabalho de a fazer. Bacalhau salgado pode ser fantástico mas uma garfada não faz uma cozinha. (...)
Tenho a certeza que se nasceste para isso, ( a cozinha Portuguesa ) lembrar-te-á a barba da tua avó e o balde da esfregona da tua mãe. A comida Portuguesa é um sonho se fores Português.”
Estes foram os insultos que optei por traduzir mas há outros como poderão ver no texto original.
Li por aí que os franceses costumam dizer que, por falta de cozinha e ingredientes, só restou aos ingleses a tarefa de criticar a gastronomia alheia. Nisto os franceses têm toda a razão.
O que poderei dizer (no uso da minha liberdade de expressão e manifestando todo o meu descontentamento, uma vez que me sinto profundamente insultada com esta notícia) a este respeito quando o ícone da gastronomia inglesa (se é que podemos falar disso) são os ovos estrelados e o bacon? Não admira que Londres esteja pejada de restaurantes de cozinha internacional já que os turistas quando lá vão têm de comer alguma coisa decente!
Uma vez que AA Gill foi tão lesto a dar explicações de cariz sociológico para a cozinha portuguesa talvez possa explicar como o povo inglês sobreviveu tanto tempo comendo tão mal. E porquê?!?
De resto, alguém que pertence a um povo que vive na sombra do seu irmão mais forte (EUA), que apanha com chuva o ano todo, que vem passar férias a Portugal, que tem como melhor treinador de futebol do seu campeonato um português, que vive numa ilha, que criou os hooligans, que tem a Camila Parker Bowles como sucessora do trono e que não sabe falar outra língua que não a sua, devia era estar caladinho para não dizer disparates. Suspeito que o “ressabianço” tenha ainda a ver com o facto de terem sido eliminados no último europeu por Portugal.
Já agora agradeço ao Prof. Freitas do Amaral, o qual, através do seu comunicado de há dias acerca dos cartoons dinamarqueses, deu um forte contributo para reforçar a nossa imagem de país subserviente e insignificante.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Assino por baixo. Gi, grande post!
Esta gente tem a mania que o nosso país são domésticas e marinheiros.

MSN

2/11/2006 2:30 da manhã  

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