quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Comunicado de imprensa do Opus Dei

"Durante os últimos dias, chegaram-nos muitas perguntas sobre o filme baseado no romance "O Código Da Vinci". Desejamos reiterar o que já dissemos no passado dia 12 de Janeiro: não temos nenhum desejo de entrar em polémicas, não vai haver boicotes ou acções semelhantes. Continuaremos a encarar esta situação com uma atitude de transparência, serenidade e espírito construtivo.
O "Código Da Vinci" apresenta uma imagem deformada da Igreja Católica. A publicidade em volta do livro e do filme são uma boa oportunidade para mostrar a autêntica realidade da Igreja.
Na encíclica "Deus Caritas est" Bento XVI assinalou que a caridade é um traço essencial da Igreja: "é amor o serviço que a Igreja exerce para acorrer constantemente aos sofrimentos e às necessidades, mesmo materiais, dos homens" (n. 19).
Nesse sentido, pode ser um momento adequado para dar a conhecer o trabalho de serviço que, em África, os católicos realizam há muitos séculos; e para apoiar o esforço de numerosas instituições da Igreja nesse continente, que continua a ser uma das grandes emergências no mundo.
Muitas pessoas ficaram sentidas pelo pouco respeito que "O Código Da Vinci" manifesta pelas crenças dos cristãos. Gostaríamos de convidar essas pessoas a manifestar o seu inconformismo de uma forma serena e construtiva: dando a conhecer algum dos projectos de educação ou de cooperação realizados por católicos em África; ou contribuindo para o seu sustento com uma pequena ajuda. Sabemos que uma ajuda desse tipo é apenas um gesto simbólico, mas também tem um significado concreto e positivo.
"Harambee 2006" apresenta quatro projectos promovidos por católicos em África, dois deles por membros do Opus Dei. Mas há muitas outras iniciativas que merecem o apoio de todos, e não é difícil escolher uma.
Informar sobre as actividades de solidariedade dos católicos em África é um modo de conseguir que a discussão pública provocada pelo "Código Da Vinci" não se torne uma polémica estéril. É uma forma de conseguir que o debate deixe um fruto positivo: um melhor conhecimento de um aspecto essencial da Igreja Católica, e uma ajuda concreta a pessoas necessitadas.
Ao mesmo tempo, continuamos a confiar na sensibilidade da Sony-Columbia, na sua capacidade de reacção construtiva.
É fácil perceber que não basta dar ao ofendido uma oportunidade de defesa, e ao mesmo tempo manter a ofensa. Estar à altura das circunstâncias significa evitar a ofensa, quando ainda é possível.
Ainda faltam três meses para a estreia. Portanto, mantemos a esperança de que, na versão final do filme, não haja referências que possam ferir os católicos. Essa decisão seria um gesto conciliador muito apreciado, precisamente nestes momentos em que todos lamentamos as penosas consequências da intolerância.
Sony-Columbia está a tempo de dar um contributo para a concórdia, de grande importância no contexto actual: pode demonstrar que são compatíveis a liberdade de expressão e o respeito pelas crenças; pode confirmar que o respeito é um acto livre que nasce da sensibilidade, não uma consequência da censura ou da ameaça.
Tomando uma decisão conciliadora, Sony-Columbia prestaria um importante serviço para a causa do diálogo entre as culturas, e honraria a respeitável tradição dessas empresas. "

3 Comments:

Blogger Rui Castro said...

Ainda de manhã estive vai não vai para publicar este texto. A resposta está 5 estrelas e faz-nos reflectir depois daquilo que tem acontecido com os cartoons dinamarqueses.

2/16/2006 3:15 da tarde  
Blogger Sinfonia Opus Zero said...

discordo

5/31/2006 3:27 da tarde  
Blogger Sinfonia Opus Zero said...

TEXTO DO EMAIL, ENVIADO A DIVERSAS PESSOAS E INSTITUIÇÕES, ACERCA DO DOCUMENTÁRIO EXIBIDO EM PORTUGAL (NUMA ESTAÇÃO PRIVADA DE TELEVISÃO -SIC- ) NO DIA 13 DE MAIO SOBRE O opus dei.



Ex.mo(a) Senhor(a),


Por este meio quero apresentar o meu veemente e justificado protesto pela reportagem que a SIC exibiu no Jornal da Noite, no passado sábado dia 13 de Maio, sobre o opus dei. Com efeito, tal reportagem permitiu que uma instituição de fins e procedimentos duvidosos(no mínimo!) efectuasse um branqueamento da sua imagem. (Não me admira que, um dia destes, a IURD reclame - legitimamente, aliás - o mesmo direito. Não é por aqui, todavia, que pretendo prosseguir).


A reportagem chocou-me, antes de mais, por ser uma má peça jornalística; por motivos formais, portanto. Os recursos estilísticos e de imagem são banais, antiquados, datados. A não ser que com eles pretendessem fazer uma metáfora da própria instituição retratada ( o que seria excessivamente rebuscado para televisão) sugiro-lhes que estejam atentos ao que se faz por este país fora e no estrangeiro...



Quanto ao conteúdo:


1 – é ponto assente que o opus dei é uma instituição envolta em polémica por muitos motivos e costuma dizer-se que onde há fumo, há fogo. Porém, pouco fumo vimos e fogo... quase nenhum


2 – independentemente do folclore suscitado pelo Código da Vinci, convém recordar que:


– o opus dei recruta, para compromissos tendencialmente totais e vitais, menores que não conhecem(nem poderiam conhecer) aquilo a que se comprometem e aos quais é 'vivamente' aconselhado que nada contem aos seus pais.


– o opus dei manipula os seus membros, por exemplo, devassando a sua intimidade e fazendo uso abusivo das suas confidências de natureza espiritual (ou outras obtidas em contexto de direcção espiritual) ao arrepio do preconizado pela Igreja Católica. Tais dados, além de circularem verbalmente, são objecto de informações escritas, constituindo uma extensa e ilícita base de dados centralizada em Roma. Tanto assim é que se pode afirmar, sem receio de errar, que o cerne da actividade pastoral do opus é a direcção espiritual invasiva, indiscreta e excessiva no seu alcance, exercida sobre os membros.

– os dois pontos precedentes, além de imorais, podem constituir, também, ilícito criminal.


– o opus dei tem uma apetência desmedida pelo capital, pelo luxo, pelo poder de qualquer tipo que, ao contrário do que reiteradamente afirma, é um fim em si mesmo. Como se pode explicar que, em Portugal, por exemplo, onde o opus tem 1400 membros(dados da reportagem SIC), disponha de tanto e tão valioso património imobiliário. ( a propósito dos números: na década de 80 e 90 'èramos' 2000/2200. Onde andam os outros?)


– o opus dei gerou mais ex-membros do que membros. Muitos mais mesmo. Falo de pessoas- entre as quais me incluo pois pertenci ao opus como numerário durante 15 anos – que a dado passo das suas vidas perceberam o logro em que estavam metidas e tiveram a coragem de sair, geralmente'com uma mão à frente e outra atrás', i.e., sem dinheiro, sem relações familiares saudáveis e, muitas vezes, sem trabalho. Estas pessoas, que conhecem a instituição por dentro - como ela é realmente e não como a auto -propaganda a mitifica - primaram pela ausência na reportagem da SIC. Os dois testemunhos (Maria José Figueiredo e Rita Pignatteli) foram ridículos e inqualificáveis pela sua leviandade, superficialidade e alinhamento com a versão oficial do opus.


– O opus dei que penou dezenas de anos à procura de um enquadramento jurídico-canónico consentâneo com a sua natureza e fins, foi erigido em prelatura pessoal em 1982. Acontece, porém, que juristas reputados afirmam, por exemplo, que na nova figura jurídica os leigos não fazem parte 'de iure' da instituição, apenas cooperando orgânicamente com ela. Ou seja estamos perante o paradoxo de uma instituição laical ser composta estritamente por presbíteros. (Esta

questão (que apenas afloro) pode ser aprofundada nalguns interessantes escritos do sítio www.opuslibros.org.)


– o opus dei discrimina as pessoas em função da sua condição social e do sexo. Em relação à condição social: bajula ricos e poderosos e faz de conta que se interessa pelos mais pobres e desvalidos que apenas servem para dar um certo colorido às suas actividades. Com efeito, o confronto com a pobreza é utilizado para suscitar crises vocacionais, apelos à generosidade que é o mesmo que dizer, apelos à entrada na instituição. Em relação ao sexo: é vergonhosa a secundarização praticada relativamente às mulheres que, como dizia o inspirado e misógino Pe. Escrivá, não precisam de ser sábias, bastando que sejam sensatas. Poderia falar também das numerárias auxiliares que são empregadas domésticas tratadas como crianças, sem nenhuma autonomia, etc, etc.



Fico por aqui. Muito mais poderia ser dito mas creio ter referido o suficiente para deixar claro o mau trabalho que a SIC prestou ao País, à Igreja Católica e a todos os cidadãos genuinamente interessados nestas questões. Se não puderam ou não quiseram fazer mais, não sei nem me interessa. Sei apenas que, em termos estritamente jornalísticos, deviam ter feito mais. Muito mais mesmo.( Talvez factos como este expliquem o declínio nas audiências e share)


Hoje em dia – como toda a gente sabe - é muito fácil obter informação graças, nomeadamente, à internet. E é fácil obter informação do próprio opus: não aquela que é projectada para o exterior mas aquela que conforma a vida e a praxis da instituição e que está plasmada nos chamados 'documentos internos', jargão da instituição para designar documentos extensos que regulamentam toda a vida espiritual e material dos seus membros e as suas relações com os demais. Boa parte destes documentos, só acessíveis no opus aqueles que – como dizem- têm 'encargos de governo e/ou formação' (entenda-se, direcção espiritual)) estão disponíveis online, para quem os quiser lêr, no sítio www.opuslibros.org


Estas leituras e este acesso a fontes indiscutivelmente fidedignas (as autoridades centrais da prelatura) só por si bastam para qualquer pessoa poder concluir estarmos em presença de uma instituição que não é o que diz ser.


Tal facto, ainda acentua mais, a gravidade das omissões da SIC na reportagem a que me venho referindo e estas omissões acabam por reverter claramente em favor da instituição sendo, portanto apologéticas (admito que involuntariamente).


Sirva este mail para que, pelo menos, saibam documentar-se melhor em ocasiões futuras.


Com os melhores cumprimentos


Paulo Andrade e Silva

5/31/2006 4:41 da tarde  

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