segunda-feira, janeiro 23, 2006

Ainda de ressaca de ontem

Em minha opinião, e ao contrário do que ouvi alguns comentadores (e muitos candidatos) dizer ontem, não foi a direita que ganhou as eleições. Ganhou Cavaco e ganhou Alegre (este, porque o seu único fim nesta campanha era ficar à frente de Soares). Quanto a Alegre, talvez esteja enganado, mas suspeito que o fenómeno que a sua votação constituiu terminará já hoje (com excepção dos efeitos que poderá ter dentro do próprio PS). Já Cavaco ganhou, não com os votos da direita, mas sim com os votos daqueles que deram a vitória a Sócrates no ano passado e que já haviam elegido Cavaco em 1987 e 1991. Hoje em dia, começa a não fazer sentido falar em esquerda e direita quando se fala de decisões eleitorais, pois quem decide as eleições encontra-se ao centro. A direita (ou, pelo menos, parte dela) ontem ficou em casa, pois não se revê em nenhum dos candidatos. É, pois, falacioso falar de uma vitória da direita, como o fizeram Anacleto e Jerónimo (penso que ambos o sabem, mas faz parte da essência dos partidos a que pertencem - e talvez mesmo da sua sobrevivência - invocar o papão da direita). De resto, importa referir algumas notas (soltas):
- A Eurosondagem que se cuide, pois é pouco crível que Soares tivesse perdido a vantagem sobre Alegre que as sondagens demonstravam em tão pouco tempo e sem razão aparente.
- Sócrates sai de cabeça muito baixa depois do episódio malcriado que representou a interrupção do discurso de Alegre.
- Termina o mito Soares.
- Devia ter terminado o mito Louçã, mas o senhor é vaidoso e egocêntrico demais para o perceber.
- Jerónimo mantém a cabeça fora de água, sem riscos imediatos de se afundar.
- Os patetas que tanto clamaram contra as sondagens que davam maioria absoluta a Cavaco, acusando quem nele ia votar de estupidez e ignorância, vão continuar exactamente na mesma, pois as palas que têm em frente dos olhos não lhes permite ver outra coisa que não seja o seu próprio umbigo. Sugiro, como tenho feito repetidamente nestes últimos tempos, que emigrem para países com "eleitores" mais esclarecidos, como sejam a China, Cuba, Coreia do Norte...
De resto, tudo na mesma. Suspeito que pouco irá mudar.
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