Sobre os pensamentos liberais
Este novo texto de Manuel Monteiro é especialmente dedicado, por mim, ao Jorge. Foi publicado aqui.
Os valores do pensamento liberal
A igualdade dos homens perante a lei
A separação de poderes
A liberdade de expressão
A limitação do poder político,
São valores defendidas pelo pensamento liberal. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, contra o absolutismo. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória em defesa da ideia de que todos os homens nascem livres. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, pela divulgação de ideias diferentes das defendidas pelo poder político dominante. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, em defesa dos direitos individuais. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, pela independência dos Povos e pelo seu inalienável direito a se auto - determinarem. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, em defesa das eleições e da delegação de poderes em representantes livremente escolhidos. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, em defesa do livre acesso à propriedade privada. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, em defesa da Democracia.
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São factos! E são factos que merecem ser recordados diante a impunidade mentirosa, de quantos em nome das ideias socialistas pretendem reescrever a história.
Acontece que apesar destes factos, destas evidências, o liberalismo perdeu a batalha da comunicação (por irónico que isso possa parecer), surgindo aos olhos da militância ignorante como a filosofia do capitalismo selvagem, da exploração do homem fraco, pelo homem forte, da miséria, do abandono social, do trabalho sem direitos, da concorrência sem regras, enfim como a filosofia dos ricos contra os pobres. Numa linguagem simplista, mas que fez um imenso percurso, ser liberal é estar ao lado dos poderosos e ser anti – liberal é defender os oprimidos. A revolução industrial, primeiro, a revolução tecnológica depois, apareceram como as grandes armas capitalistas em prol da verdade do mercado e nessa verdade os homens e as mulheres só seriam palpáveis na medida em que dessem lucro e contribuíssem para a riqueza da empresa e dos respectivos patrões (hoje accionistas).
O socialismo, marxista, marxista – leninista, maoísta, trotskista ou simplesmente social – democrata, medrou com a crítica, beneficiou com a chegada ao mercado de exploradores sem escrúpulos e lucrou com a confusão. Daí a ter enviado para o rol dos esquecidos os inúmeros feitos dos pensadores liberais e do liberalismo político foi um pequeno, mas decisivo, passo.
Tiveram mérito? Sem dúvida, mas isso não apaga a incapacidade de reacção dos liberais apanhados de surpresa. Não fora a manifestação da Igreja Católica diante os atropelos à dignidade humana, através de vários documentos elucidativos do valor do Homem, e o socialismo teria ficado sozinho na sua luta anti – liberal.
O que se passou e o que se passa então?
Comecemos pelo que se passou. O liberalismo teve como inspiradores, e primeiros percursores, cavalheiros. Homens de honra, para quem a ética e o cumprimento de regras eram condição sine qua non, em todas as facetas da vida. O seu realismo, nomeadamente no que concerne à defesa dos legítimos interesses dos homens, baseava-se em pressupostos que não vieram a verificar-se. Concorrência, não era para eles sinónimo do salve –se quem puder; promoção do mérito, não equivalia a subidas na vida por cunha; criação de riqueza, não implicava só abastança para uns e total miséria para outros; fomentar a iniciativa privada e lançar empresas, não era abrir os braços a gente sem escrúpulos, mal formada e sem nível, que em nome do dinheiro tudo pensa poder fazer e dizer.
Por outro lado muitas das bases em que assentaram as teorias de que vimos falando, enquadravam-se num mundo que girava em torno dos Estados com fronteiras pré – definidas e passaportes de entrada para todo e qualquer tipo de mercadorias. Ora, o contexto actual do mercado é diametralmente oposto daquele em que as ideias foram concebidas. O mundo produtor, tal como o mundo consumidor, era restrito e o clube tinha condições de entrada apertadas.
Quero com isto dizer que aquilo que foi identificado – e mal – como sendo liberalismo do século XIX e, num certo sentido, do século XX, não tem hoje cabimento. A essência das ideias, a validade dos princípios, a correcção das convicções que apontam para a existência de homens livres mantém actualidade, mas a certeza de que não pode haver mercado livre, sem sociedades livres é inultrapassável. Ora o que temos nós hoje? Precisamente isso! Uma mistura impossível que contamina o que há de mais são e correcto nos ideais liberais, com o que de pior os Estados foram gerando ao longo dos tempos. Pessoas sem educação, sem civismo, sem princípios, sem ética. Como podem pois as empresas, logo o mercado, ter regras, se muitos dos que gerem as primeiras e vários dos que operam nos segundos são um exemplo do anti – civismo, do anti – princípios, da ausência de ética.
Há quem ostente o título de empresário, sem merecer minimamente possuir o cartão de membro de um mercado livre. Ou porque provém de países onde só é empresário, quem o poder político decide; ou porque ganhou o estatuto à custa do desvirtuamento total das regras; ou porque herdou essa condição, sem nada ter feito para isso. Este tipo de empresários manda, não lidera; exige, não comunica; impõe, não motiva; explora, não recompensa. Para este tipo de empresários tanto se lhes dá, como se lhes deu, viver num regime de capitalismo selvagem, de socialismo aberto, fechado ou de qualquer outra natureza. O que lhes importa é ganhar. Ganhar a qualquer custo, pisar a qualquer preço, triunfar por qualquer meio. Mas isso não é liberalismo. Isso não é livre mercado. Isso não é lei da oferta e da procura!
Manuel Monteiro
Os valores do pensamento liberal
A igualdade dos homens perante a lei
A separação de poderes
A liberdade de expressão
A limitação do poder político,
São valores defendidas pelo pensamento liberal. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, contra o absolutismo. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória em defesa da ideia de que todos os homens nascem livres. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, pela divulgação de ideias diferentes das defendidas pelo poder político dominante. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, em defesa dos direitos individuais. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, pela independência dos Povos e pelo seu inalienável direito a se auto - determinarem. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, em defesa das eleições e da delegação de poderes em representantes livremente escolhidos. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, em defesa do livre acesso à propriedade privada. Deve – se ao liberalismo a luta, e a vitória, em defesa da Democracia.
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São factos! E são factos que merecem ser recordados diante a impunidade mentirosa, de quantos em nome das ideias socialistas pretendem reescrever a história.
Acontece que apesar destes factos, destas evidências, o liberalismo perdeu a batalha da comunicação (por irónico que isso possa parecer), surgindo aos olhos da militância ignorante como a filosofia do capitalismo selvagem, da exploração do homem fraco, pelo homem forte, da miséria, do abandono social, do trabalho sem direitos, da concorrência sem regras, enfim como a filosofia dos ricos contra os pobres. Numa linguagem simplista, mas que fez um imenso percurso, ser liberal é estar ao lado dos poderosos e ser anti – liberal é defender os oprimidos. A revolução industrial, primeiro, a revolução tecnológica depois, apareceram como as grandes armas capitalistas em prol da verdade do mercado e nessa verdade os homens e as mulheres só seriam palpáveis na medida em que dessem lucro e contribuíssem para a riqueza da empresa e dos respectivos patrões (hoje accionistas).
O socialismo, marxista, marxista – leninista, maoísta, trotskista ou simplesmente social – democrata, medrou com a crítica, beneficiou com a chegada ao mercado de exploradores sem escrúpulos e lucrou com a confusão. Daí a ter enviado para o rol dos esquecidos os inúmeros feitos dos pensadores liberais e do liberalismo político foi um pequeno, mas decisivo, passo.
Tiveram mérito? Sem dúvida, mas isso não apaga a incapacidade de reacção dos liberais apanhados de surpresa. Não fora a manifestação da Igreja Católica diante os atropelos à dignidade humana, através de vários documentos elucidativos do valor do Homem, e o socialismo teria ficado sozinho na sua luta anti – liberal.
O que se passou e o que se passa então?
Comecemos pelo que se passou. O liberalismo teve como inspiradores, e primeiros percursores, cavalheiros. Homens de honra, para quem a ética e o cumprimento de regras eram condição sine qua non, em todas as facetas da vida. O seu realismo, nomeadamente no que concerne à defesa dos legítimos interesses dos homens, baseava-se em pressupostos que não vieram a verificar-se. Concorrência, não era para eles sinónimo do salve –se quem puder; promoção do mérito, não equivalia a subidas na vida por cunha; criação de riqueza, não implicava só abastança para uns e total miséria para outros; fomentar a iniciativa privada e lançar empresas, não era abrir os braços a gente sem escrúpulos, mal formada e sem nível, que em nome do dinheiro tudo pensa poder fazer e dizer.
Por outro lado muitas das bases em que assentaram as teorias de que vimos falando, enquadravam-se num mundo que girava em torno dos Estados com fronteiras pré – definidas e passaportes de entrada para todo e qualquer tipo de mercadorias. Ora, o contexto actual do mercado é diametralmente oposto daquele em que as ideias foram concebidas. O mundo produtor, tal como o mundo consumidor, era restrito e o clube tinha condições de entrada apertadas.
Quero com isto dizer que aquilo que foi identificado – e mal – como sendo liberalismo do século XIX e, num certo sentido, do século XX, não tem hoje cabimento. A essência das ideias, a validade dos princípios, a correcção das convicções que apontam para a existência de homens livres mantém actualidade, mas a certeza de que não pode haver mercado livre, sem sociedades livres é inultrapassável. Ora o que temos nós hoje? Precisamente isso! Uma mistura impossível que contamina o que há de mais são e correcto nos ideais liberais, com o que de pior os Estados foram gerando ao longo dos tempos. Pessoas sem educação, sem civismo, sem princípios, sem ética. Como podem pois as empresas, logo o mercado, ter regras, se muitos dos que gerem as primeiras e vários dos que operam nos segundos são um exemplo do anti – civismo, do anti – princípios, da ausência de ética.
Há quem ostente o título de empresário, sem merecer minimamente possuir o cartão de membro de um mercado livre. Ou porque provém de países onde só é empresário, quem o poder político decide; ou porque ganhou o estatuto à custa do desvirtuamento total das regras; ou porque herdou essa condição, sem nada ter feito para isso. Este tipo de empresários manda, não lidera; exige, não comunica; impõe, não motiva; explora, não recompensa. Para este tipo de empresários tanto se lhes dá, como se lhes deu, viver num regime de capitalismo selvagem, de socialismo aberto, fechado ou de qualquer outra natureza. O que lhes importa é ganhar. Ganhar a qualquer custo, pisar a qualquer preço, triunfar por qualquer meio. Mas isso não é liberalismo. Isso não é livre mercado. Isso não é lei da oferta e da procura!
Manuel Monteiro
Etiquetas: Pensamento liberal
4 Comments:
Caríssimo:
Estou sem tempo, mas a gentileza da tua dedicatória obriga-me a responder umas linhas, reportndo-me a este post, e ao anterior do MM. Telegraficamente:
- Claro que o BE é a nova esquerda, e a mais eficaz;
- o BE e toda a esquerda, só medram onde haja desequilíbrios e desigualdades sociais (descontando, é claro, os calões que querem ganhar sem trabalhar;
- o MM chega tarde - quando tinha tribuna, como líder do PP, não o ouvi denunciar as novas injustiças do novo capitalismo;
- as considerações sobre «liberalismo» que faz são meros jogos de palavras. O liberalismo de 1820 nada tem a ver com o liberalismo libertário que está hoje na moda:
- dada a qualidade da escrita e a articulação do raciocínio, continuo a achar que foste tu que lhe escreveste os posts...
Braços
O Sol brilhará para todos nós!
Jorge,
O último ponto é um elogio ou estás a ser irónico?
As duas coisas. A tua escrita tem aqueles atributos, e as intervenções orais que ouvia ao MM mão me pareciam compatíveis com eles...
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