quinta-feira, setembro 20, 2007

"quando os Lobos Uivam"

Sou daqueles que se deixam facilmente seduzir pelos testemunhos de quantos apregoam os malefícios da prática desportiva. Sobretudo dos desportos ditos colectivos, aqueles que somam à falta de jeito de uns o mau feitio dos outros, com resultados, as mais das vezes, dependentes da incompetência dos juízes ou de outras coisas piores ainda. Seja como for, não conheço quem sustente que seguir o fenómeno desportivo provoca lesões irreversíveis, o que me dá a tranquilidade de espírito bastante para ir acompanhando, com mediana atenção, desafios de futebol e eventos de dimensão planetária. Como, por exemplo, o Campeonato do Mundo de Rugby.
Causou surpresa a raça que os nossos lobos demonstram no campo de jogo, entregando-se à luta até ao limite das suas forças, conscientes de que, ali, são mais do que eles próprios. Nota-se que sentem com orgulho o peso de representarem o País que gostam de chamar seu. Para além disso, o que já não é pouco, espantaram meio mundo por saberem, todos, entoar o hino nacional e por cantarem-no com indisfarçável brio. É evidente que a memória da bufa assaltou os espíritos menos livres e foram muitas as penas de onde jorraram enormidades de um anti-nacionalismo primário, a que não faltou o costumeiro e jacobino preconceito social, como se o pecado original fosse agora, na fase pós-moderna do relativismo católico, o de provir de famílias de apelidos menos usuais ou de origens mais remotas.
As almas mais intranquilas com tão desbragada manifestação de patriotismo tomaram como lenitivo o facto de a RTP não se ter dignado cobrir, em sinal aberto, a participação da selecção nacional no campeonato mundial de rugby, por considerar que tal cobertura não integraria o conceito de serviço público, não explicando por que razão nele cabe a transmissão de um jogo de basquetebol entre as lusíssimas formações da Espanha e da Grécia. Sobre este mistério insondável, julgo não ter ouvido os gemidos do senhor presidente da república, mais talhado para comentar "tapinhas" de seleccionadores de futebol.
Enquanto os lobos uivam em França, por cá, consuma-se a transmutação do Panteão Nacional em Talhão Oficial dos Artistas e dos Escritores. Para além de ter sabido conspirar contra as trevas que foram os tempos da Monarquia e do Estado Novo, terá tido Aquilino o mérito de não ter andado para aí a gritar o hino nacional ou a exibir quaisquer outras serôdias mostras de espírito patriótico.
Nuno Pombo (Diário Digital)

2 Comments:

Blogger joshua said...

A cada homem a sua hist�ria, os seus erros e os seus feitos.

9/20/2007 8:49 da tarde  
Blogger joshua said...

http://joshuaquim7.blogspot.com

PALAVROSSAVRVS REX

9/20/2007 8:50 da tarde  

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