quinta-feira, março 06, 2008

yes, he can

"(...) ao contrário do que diz Pacheco Pereira, Barack Obama não é "mais um produto da fábrica de plástico, jovem, simpático, bom ar, bom falador, muito teatro de convicções". Este é, isso sim, o argumento de fábrica de plástico para desprezar um candidato que traz novidade atrás de si. Pacheco Pereira é um homem muito inteligente, mas quando somos alérgicos a todas as paixões da alma às vezes temos dificuldade em ver o que está à frente do nosso nariz. Nunca há nada de novo, porque o novo acaba sempre por ser uma declinação do velho. E assim se descarta comodamente o diferente e se reduz o extraordinário a uma manifestação cínica da banalidade. É evidente que os políticos são como as melancias - só depois de abertos é que sabemos o que está lá dentro. Obama, numa hipótese tresloucada, poderá até vir a revelar-se um flop do tamanho da muralha da China. Mas neste momento não há nada que indique isso. Bem pelo contrário. O argumento "fábrica de plástico" esquece, desde logo, dois factos básicos. Em primeiro lugar, que há um livro chamado The Audacity of Hope, escrito por Obama em 2006 (está traduzido em português pela Casa das Letras), que são 350 páginas de programa político, exposição de valores e visão pessoal da América - para todos os efeitos um manifesto de candidatura à Presidência dos Estados Unidos. Pode-se discordar do homem, mas achar que a única coisa que ele tem para oferecer são dentes brancos e retórica de pregador é uma pura idiotice. Em segundo lugar, que fazer campanha eleitoral nos EUA não é bem o mesmo que organizar uma feijoada para dois mil reformados em Matosinhos. É preciso organização, imaginação, uma táctica acertada, um planeamento sem mácula - tudo qualidades que contam, e muito, quando se põe os pés na Casa Branca. E neste aspecto, todos admitem o óbvio: Obama enfiou Hillary no bolso. Cair no paleio de qualquer vendedor de banha da cobra é muito mau. Todos de acordo sobre isso. Mas não reconhecer um político especial, quando ele aparece bem à frente dos nossos olhos, é muito pior." (João Miguel Tavares)

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O João Miguel Tavares ainda acredita no Pai Natal, pois só assim se pode compreender esta esperança inabalável num "salvador da pátria" surgido do nada, se calhar de entre as brumas de nevoeiro no Cais das Colunas. E o Rui Castro se calhar também...

3/06/2008 6:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

N acredito no pai natal nem em salvadores da pátria, mas reconheço que, apesar de pouco concordar com as suas ideias, a verdade é que Obama tem carisma, é genuíno, não pertence ao sistema. Se queres q te diga, gostava q aparecesse um Obama à Direita
Rui

3/06/2008 6:53 da tarde  
Blogger Unknown said...

Continuamos a cometer o pecado original de "ver" a política americana com olhos (e quadro de referências)europeus...
Pergunta especulativa e provocatória : caso Obama seja eleito , por mais quanto tempo os estados se manterão unidos?...

3/06/2008 7:18 da tarde  
Blogger Ricardo Pinheiro Alves said...

Rui, Bush também era genuino e não era do sistema. Pelo menos ele assim o dizia. Além disso o Obama não é de direita. È mesmo muito à esquerda e como tal só pode ser indesejável.

3/07/2008 10:33 da manhã  

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