quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Tendências suicidas do portismo!

Sem a audácia dos que, por um ideal, arriscam grandes feitos, ainda que concretizados na minudência do cumprimento sério do dever, não somos – pessoal ou colectivamente – mais do que cadáveres adiados que procriam. Quando a “loucura” passa a ser ocupada por uma racionalidade anti-ética de busca do poder pelo poder, sem olhar a meios, resta-nos ser cadáveres, porquanto já procriar não podemos.
Nada melhor do que a invocação literária para caracterizar o moribundo estado por que atravessa o CDS de Paulo Portas. Perdida a loucura do sonho com que tantos contagiou, entre os quais me incluo, fosse ou não ele genuíno, Portas despe o partido a que regressa de qualquer projecto para Portugal, esvaziando-o de sentido. Coloca no lugar do ideal o real, sem sequer uma linha pragmática ambicionar, posto não ser mais do que a alimentação do seu eu – e da clientela que o serve – o único móbil que o guia. E já nem procriar procria, incapaz se mostra de gerar qualquer voto.
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Desenganem-se aqueles que julgam que dedicarei estas linhas aos negócios e negociatas que ocuparam incansavelmente os dirigentes do partido. Bem mais prosaica é a razão da minha prosa. E bem mais linear, limitando-me, para o diagnóstico da agonia lenta por que se passa, a ter em conta o desespero denunciado pela secretaria-geral do partido.
Durante dois anos, os fiéis escudeiros do portismo agitaram as águas, actuando de forma inqualificável diante de Ribeiro e Castro. E para tanto invocaram cisões ideológicas profundíssimas, mobilizando uma linha de pensamento liberal, com que os militantes do partido nunca se identificaram. Ignorando os fundamentos do liberalismo, muito menos os tentando discutir, apodaram amiúde todos os que invocavam uma axiologia informadora da matriz ideológica do partido de passadistas e tacanhos, resvalando para o anárquico cultivo do ódio ao Estado. Como se tudo o que dele viesse fosse mau e como se quase todos os que lhe são próximos não vivessem às suas custas desde sempre.
Concretizados os seus intentos de assalto ao poder, era necessário manter a farsa. Perpetuar a imagem do fervilhar de pensamentos díspares, avultando o chefe, outrora digno no abandono, como aquele que exclusivamente, e portanto imprescindivelmente, poderia agregar as hostes desavindas. Nem que para isso fosse necessário situar-se na anódina pós-modernidade.
Mas, porque o ribombar dos tambores na hora do regresso se não fez sentir, urgia mais. E no que é mestre, logo Portas pensou, com laivos de modernidade, no anúncio das tendências. De uma penada, salvaguardava o seu interesse e incutia dinamismo num partido que já padecia, na altura, das agruras induzidas pelos seus arautos.
A cegueira era tanta que esqueceu o óbvio. Nem o CDS tem número de militantes que as justifiquem, nem a militância que o integra se adequa ao novo formato.
E o resultado é visível. Quase um ano depois do seu anúncio, o entusiasmo em torno da medida é nulo. Contra os dados fornecidos por uma dirigente centrista, a única cujo esboço se vislumbra não tinha 300 mas 26 militantes até ontem. É a ala liberal, aquela que virtualmente terá provocado a queda do antigo presidente. 26 militantes ontem. 68, entre os quais o já famoso Jacinto Leite Capelo Rego, depois do ridículo com que foram cobertos e que logo trataram de corrigir, hoje. O milagre da multiplicação dos subscritores não tem origem divina, mas terrena. E deve-se ao meticuloso trabalho de João Almeida que, usando, contra o sentido primeiro das tendências e aquilo que parece resultar do regulamento que as institui, os meios do partido, a coberto de uma suposta equidistância entre todos, lançou ontem, em tom de desespero contido, um apelo generalizado aos militantes para que subscrevessem a petição encabeçada por Pires de Lima.
A iniciativa, justificando até agora a única comunicação que me foi dirigida desde o último congresso, tem antecedentes, posto ter-se trazido à cena, ad hoc, para dar sinais de vida, um blogue liberal na sequência da notícia do expresso que procurava as tendências adormecidas, a que prefiro, na busca da fidelidade ao ser, chamar de nadas-mortas. E é grave. Porque demonstrativa, não só da putrefacção lenta a que o portismo nos sujeita, como da instrumentalização a que continuam a votar os meios do partido. Que assim vai agonizando, até à morte certa!

19 Comments:

Blogger Ricardo Pinheiro Alves said...

Mafalda,

Verifico que a minha tese do partido-titanic não resulta só de observação externa mas vem também do interior do CDS.

Mas não pense que isso me deixa contente, muito pelo contrário. O CDS foi um partido que se distinguia pela sua decência e pela sua seriedade e que, penso eu, teria muito a ganhar se assim continuasse. Ganhava o CDS e ganhava o país.

Pode ser que a ela volte. Mas para que isso aconteça é necessários separar àguas, i.e., clarificar a direita. E o CDS tem essa responsabilidade.

2/14/2008 10:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

a liberdade que dá o nome à tendência é incompatível com a militância activa, seja em que lado for...

eles querem estar livres para saltar para outro lado se este perecer...

2/14/2008 11:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A Mafalda, como é católica, devia ter tento na língua e não dizer tantas mentiras que é pecado.
Se a menina e os seus amigos não são capazes de fazer uma tendência, isso é o seu problema e o deles.

Eu também recebi um email do João Almeida em que se escrevia preto no brando que se a senhora Mafalda ou qualquer um quisesse fazer uma tendência também poderia usar a secretaria-geral do CDS para o efeito. Mas a menina não consegue e por isso fica tão irritadinha, tão chochinha que é.

Mais vergonhoso é que os amigos da menina que são do CDS-PP assinem com nomes falsos a petição para a tentar denegrir. Talvez quem saiba o Jacinto Leite Rego seja um pseudónimo da menina, ou de um assessor do dr. Ribeiro e Castro cheio de medo de perder o tacho nas próximas europeias.

Tão cristãos e tão pecadores...

2/15/2008 3:36 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Cara Isabel Simões,

Quem usou o Jacinto Leite Capelo Rego pela primeira vez, e com isso conseguiu por o nome do CDS na lama, foi o actual secretário-geral do partido mais a trupe de putos birrentos que andou pelo Caldas a fazer tropelias desse género...

que levem agora com ele é mais do que adequado, aliás sempre é uma ajuda para os 500 nomes necessários para a tendência... já é uma sorte não levarem também com o Zé Submarino e o Xico dos Sobreiros...

Bem haja!

2/15/2008 9:36 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Isabel,

Terei lido na sua intervenção insinuar que o Jacinto Leite é um nome falso ou pseudónimo?

Mas assim sendo é muito grave porque esse é um dos nomes que constam dos recibos passados pelo CDS para justificar 1 Milhão de euros de donativos.

Pois é.... a própria Isabel não está convencida da seriedade daqueles recibos... Não basta sê-lo é preciso parecë-lo, e neste momento, há muito quem não o pareça.

Por fim, e porque agora as tendëncias estão em saldo. Já não são 500 mas sim 300 ou 350 subscritores. No PP há quem já esteja familariezado com esse número....

2/15/2008 9:45 da manhã  
Blogger Nuno Pombo said...

Pedia decoro a todos os militantes do CDS no tratamento destas questões. A opinião da Mafalda, que é também a minha, pode ser criticada como é evidente, mas no limite da decência. Se a Isabel Simões entende que a prosa da Mafalda é um depósito de mentiras, melhor seria que as contrariasse em vez de invocar pretensas confissões religiosas e a pecados, umas e outros alheios à política. É esse o tipo de caminho, Isabel, que não merece ser andado.

2/15/2008 10:22 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Cara Isabel Simões,

Agradeço-lhe duplamente. Primeiro, por me recordar da minha condição de católica. Segundo, por vir esclarecer que o Jacinto Leite Capelo Rego não existe. É que, se bem ler o meu texto, verá que me limitei a dizer que ele era famoso e que tinha visto o nome inscrito na lista de subscritores da petição, tendo embora depois sido eliminado, à semelhança de outros tão sugestivos como o dele. Não deixa de ser, porém, grave o anúncio da fraude, posto ser o Jacinto um benemérito do partido, invocado pelos actuais dirigentes. Mas deixo as suspeições para si, que nisso já vi que é mestre. E limito-me a ajudá-la. Eu nunca disse que o email do João Almeida ocultava a possibilidade de eu criar uma tendência. Aliás, falei de o mesmo surgir redigido a coberto de uma suposta equidistância. O que eu disse é que as tendências deveriam emergir da suposta vitalidade do partido e nasceram mortas. Mostrando a falência daquela que foi uma das bandeiras do novo portismo em congresso. E interpretei factos, minha cara. Porque se havia tantas cisões no partido há um ano, parece-me inconcebível que os liberais estejam hoje tão quietos. Não lhe parece?
Quanto a não conseguir reunir militantes em torno de um projecto, minha cara, veja-o antes como indisponibilidade para brincar à política. Há coisas mais agradáveis onde perder o meu tempo.
Cumprimentos
Mafalda

2/15/2008 11:42 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Quem diria que o seu tempo tem formas melhores de ser ocupado... eu que me preparava para lhe mandar uma ajuda para a ajudar a preenchê-lo...
Podia fazer um de dois favores a todos: ou definitivamente se ocupava de outras coisas e se esquecia destes que elegeu como seus adversários (opositores,nas palavras do seu brilhante mentor) ou pelo menos aprendia a escrever de uma forma clara e simples. Nunca lhe disserem que a clareza e a simplicidade são uma virtude dos mais afortunados e esclarecidos , pois não?
E olhe, já agora, explique-nos lá: por que motivo cai no rídicolo de pôr o seu habitual tom acusatório e inquistório para afirmar que o entusisamos em torno do movimento é nulo? E se for? O que lhe importa? Estará com isso a tentar explicar a estrondosa, histórica e humilhante derrota que sofreu nas directas? É que de duas uma: ou foram os liberais que "provocaram a queda - oxalá não tenha partido nenhuma perna- do anterior presidente", circunstância em que fica bastante evidente que a mobilização de milhares de militantes que então foram capazes de fazer só se justificou por um forte instinto de sobrevivência e por um descontentamento sem precedentes com a liderança em curso (coisa que à mafalda sempre custará engolir, afinal somos todos uns burros que não percebemos que só a política axiologicamente fundamentada pode salvar o homem) ou, dizia eu, foi o simples facto de as pessoas, os militantes deste partido, de forma absolutamente democrática, terem em massa rejeitado um modelo de partido, de liderança e de protagonismo, preferindo outro. Para quem acredita na democracia, nada mais simples, claro e natural. Mas também esta hipótese à mafalda custará muito. Não só por sermos todos burros e não percebermos nada de axiologia fundamentante como ainda por estarmos muito abaixo da sua superior pessoa nas escalas da ética, da seriedade e da moralidade, pelo que não sabemos como usar a democracia a não ser em proveito próprio.
Desculpe, mas alguma vez parou para pensar como é ridicula a sua batalha? Como é rídicula a posição de superioroidade de que parte, sem qualquer humildade perante pessoas que já deram tanto ao país, ás suas comuniaddes, às suas profissões, e com tantas provas dadas? Quando a mafalda não passa de uma mera e banal catraia desconhecida? Nunca lhe ocorreu que nãoé ninguém para se julgar melhor do que os outros? Que isso a fragiliza e a torna risivel?
Decerto que não. A clareza e a simplicidade são uma virtude dos mais afortunados e esclarecidos.

2/15/2008 12:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ó anónimo das 12:21,

1. Se calhar, a falta de clareza é proporcional ao "ridícolo" e ao assassinato em série de questões elementares da gramática portuguesa da sua parte, não?

2. Não sabia que os actuais dirigentes do CDS escreviam de forma anónima nos blogues. Todo o comentário das 12:21 foi feito como uma defesa pessoal. É bonito de ver!

3. Ainda bem que é acredita no Pai Natal.

4. Suponho que por provas dadas por pessoas ligadas ao CDS se refira à gestão do BB pelo Almeida, ao fulgurante trabalho de causídico do Telmo ou ao brilhante percurso académico do LP.

5. A superioridade do anonimato é sempre deliciosa.

Miguel Vaz

2/15/2008 12:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Os cães de fila sairam à rua!

2/15/2008 12:45 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Anonimo das 12: 21,

que era um favor para si ela calar-se ninguém duvida. Custa ler verdades!

2/15/2008 12:46 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

AO ANONIMO DAS 12H21:

Disse: "estrondosa, histórica e humilhante derrota que sofreu". Refere-se a do Telmo em lisboa?

Disse: "os militantes deste partido, de forma absolutamente democrática". Refere-se à forma do regresso conhecida no país pelo assalto a meio de um mandato?

Disse: "perante pessoas que já deram tanto ao país". Refere-se ao que deram ao Grupo BES no caso Portucale? Ao que deram ao Assis Ferreira no caso do Casino do grupo Estoril-Sol? ou refere-se ao Sr. Jacinto, esse sim, tanto parece ter dado ao PP.

Disse:"provas dadas". Esperemos que sejam as provas que faltam no DIAP.

TERMINO

Disse: "afinal somos todos uns burros" . A frase é sua....

2/15/2008 1:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

AO ANONIMO DAS 12H21:

Disse: "estrondosa, histórica e humilhante derrota que sofreu". Refere-se a do Telmo em lisboa?

Disse: "os militantes deste partido, de forma absolutamente democrática". Refere-se à forma do regresso conhecida no país pelo assalto a meio de um mandato?

Disse: "perante pessoas que já deram tanto ao país". Refere-se ao que deram ao Grupo BES no caso Portucale? Ao que deram ao Assis Ferreira no caso do Casino do grupo Estoril-Sol? ou refere-se ao Sr. Jacinto, esse sim, tanto parece ter dado ao PP.

Disse:"provas dadas". Esperemos que sejam as provas que faltam no DIAP.

TERMINO

Disse: "afinal somos todos uns burros" . A frase é sua....

2/15/2008 1:38 da tarde  
Blogger Ricardo Pinheiro Alves said...

Sinceramente não percebo porquê tanto anonimato. As pessoas no CDS não têm coragem nem frontalidade para assumir as suas posições?

2/15/2008 2:04 da tarde  
Blogger Nuno Pombo said...

Não, não têm, Ricardo. E fala-se de facções quando se dizia à boca cheia que elas não existiam. E mais preocupante para o pluralismo interno do partido é acharem que a crítica política é ataque pessoal. Não é!

2/15/2008 5:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ricardo ha quem não escreva como anónimo.... olhe, p.ex., nos Açores. Sabe o resultado: perseguições, processos disciplinares, etc....

2/15/2008 6:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para quem não é do CDS nem vota nele, o actual PP não passa do partido Paulo Portas.
O CDS de Freitas e Ribeiro e Castro era pobre mas honesto, Tinha uma ideia, apesar de não convencer.
O atual PP não é um partido político, é clube de fans.
Quando acabar não se vai dar por isso.

2/15/2008 7:30 da tarde  
Blogger hajapachorra said...

As madamas e os os madamos escusam de se engalfinhar: no CDS-PP, ou lá como se chama a coisa, não há uma alminha que se aproveite, mas daí não vem nenhum mal ao mundo. Há uns anos o PP voltou ao governo apenas porque lhe saiu a sorte grande e a terminação, Guterres a fugir e Durão a revelar o medíocre que é. Apesar de isto ter ido ainda mais fundo, ninguém em seu perfeito juizo se lembrará do PP para escavar mais um bocado. Se há, e creio que ainda há, meia dúzia de justos piguem-se daí e venham ajudar a limpar as cavalariças: para correr com o socratino e sus zeros patateros é preciso gente que corra com os meneses, lopes e ribaus.

2/17/2008 3:09 da manhã  
Blogger Ricardo Pinheiro Alves said...

Não podia estar mais de acordo consigo, caro aquiles.

2/17/2008 2:56 da tarde  

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