quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Clarificar a direita em Portugal (2)

A questão europeia está, em Portugal, intimamente ligada à necessidade de clarificação dos partidos da chamada direita parlamentar. Admito que criticar a integração europeia não seja eleitoralmente agradável. Mas dizer que a integração europeia é necessária para que os pobres tenham protecção ou se façam as reformas necessárias é desculpar os irresponsáveis que (direita parlamentar incluída) têm estado no poder em Portugal: Escondem a sua incompetência e a sua incapacidade em reformar transferindo poderes para a União Europeia. E, indirectamente, justificam a necessidade de mais integração europeia com a sua própria incompetência e incapacidade de reformar.. No fundo, é fazer o jogo dos socialistas.
---

A pseudo-direita do PSD é europeista e apenas ambiciona mais fundos europeus. Alguns serão internacionalistas utópicos - talvez Carlos Coelho - como os socialistas, mas são muito poucos.

No CDS os populares seguem essencialmente a mesma linha do PSD ou então são proteccionistas. Os democrata-cristãos, pelo seu lado, ainda não perceberam que estão a ser enganados pelos socialistas desde o início da integração
europeia. A esperança nos anos 50 era de que se criasse uma Europa unida e
baseada nas matrizes judaica-cristã e greco-romana. Mas como se viu com a tentativa de impor uma constituição europeia, a matriz judaica-cristã foi completamente afastada pela esquerda. Ser europeu e democrata-cristão deixou de ter razão de ser. O próprio Papa Bento XVI percebeu-o quando deixou de recusar a entrada da Turquia na UE. O fundamento religioso desapareceu numa sociedade europeia laica e laicizante.

Os nacionalistas conservadores, e alguns estão no CDS e outros andam por aí perdidos sem referências, também se estão a deixar enganar pelos socialistas. Agora a esperança é de que um Estado europeu forte tenha maior poder a nível internacional e "ocupe" o lugar supostamente deixado vago pelos estados-nação. O argumento desta corrente é que Portugal só tem a beneficiar em estar na UE pois ganha mais voz internacional. Nada mais ilusório. A proposta de um Ministro dos Negócios Estrangeiros e de uma Constituição Europeia, a juntar à moeda única e às outras políticas comuns, ao avanço da UE em todas as áreas da sociedade, e que já representa hoje quase metade das leis aprovadas em Portugal, e ao alargamento, cada vez maior, das votações por maioria qualificada ou simples, só enganam quem se quer deixar enganar.

Em simultâneo com esta ilusão que se vive à direita está em formação, na Europa, um super-estado de raiz socialista, que se baseia nas internacionais do antigamente e que "ignora" cada vez mais a voz dos portugueses. A lógica utópica e internacionalista da Europa, que sabe o que é bom para o Mundo e que vai usar todos os argumentos que puder para servir de modelo aos outros povos sub-desenvolvidos, incluindo os EUA, é a que se vai impôr pois é a esquerda que comanda a sociedade em termos intelectuais e de comunicação social. Não é uma lógica nacionalista como muitos actualmente e ingenuamente ainda supôem.

Porque é que a esquerda predomina? porque a direita não se assume e não ocupa o seu espaço na sociedade portuguesa. Para a direita portuguesa o que conta na Europa é, em primeiro lugar, o dinheirinho. Em troca limita-se a imitar o que se faz na Europa desenvolvida fazendo o jogo dos socialistas. Ora este tem sido o mal de Portugal desde a Revolução Industrial, quando o nosso atraso alastrou. Imitamos os erros que os outros cometem porque não temos a minima capacidade critica para adaptar o bom que se faz lá fora às nossas necessidades reais. O aborto é um exemplo do nacional-saloísmo (e já agora ter orgulho em Durão Barroso como Presidente da Comissão Europeia). Não quer isto dizer que devamos fazer sempre diferente do que se faz na Europa. Salazar fê-lo com maus resultados. O que quer dizer é que temos de aprender a pensar com a nossa cabeça. E de PSD e CDS (como do PS) muito pouco ou nada disso se viu desde o 25 de Abril.

A direita parlamentar está entre os irresponsáveis que colocaram Portugal na actual situação de crise em que o nosso nível de vida há uma década que diminui face aos restantes países europeus. Apesar disso, Durão Barroso, um desses irresponsáveis, pode dar-se ao luxo de adoptar posturas de estadista pois tem os meios todos à sua disposição. Durão barroso é apenas a face mais visível do que se passa nos partidos de "poder" da direita parlamentar. Têm as mordomias todas: "Tachos" para distribuir, dinheiro dos contribuintes e dos "amigalhaços" que pedem favores para gastar e por isso podem dar-se ao luxo de pagar as multas do Tribunal de Contas. Pagam-nas com o dinheiro que recebem do Estado e limitam-se a manter a dependencia do Estado na esperança de voltarem para o poder de forma a recuperarem os benefícios dessa dependência que detiveram no passado. Nisto são tal e qual os socialistas que incentivam a dependência do Estado. Aliás o referendo do aborto foi um bom exemplo disso. Fomos nós, contribuintes, e muitos apoiantes do "Não", que pagaram o grosso das campanhas do "Sim".

A clarificação da direita torna-se pois esencial no que á questão europeia se refere e, por consequência, á necessidade de reforma em Portugal. Continuarmos com uma direita que, no essencial depende do Estado, e portanto actua como sendo socialista, e que apoia a transferência de mais competências para Bruxelas, é apenas mais uma ajuda em direcção a um Estado federal europeu.
BlogBlogs.Com.Br