sexta-feira, março 02, 2007

A condenação do CDS

O PSD foi já apodado de ser um albergue espanhol. Uma agremiação de frequência duvidosa, onde cabem tudo e todos, numa abrangência fétida. Acotovelam-se, na fresca sombra oferecida pelas estruturas do Estado, clientelas e carreiristas, intelectuais e caciques e o mais que vier. Sucede o mesmo com o PS e com qualquer partido que queira assumir uma vocação clara de poder. A vontade de alcançar o sucesso da vitória recomenda o vazio.

O CDS não é, na sua essência, um partido com vocação de poder. O que não significa que a ele tenha de abdicar. Tem é a obrigação de não se diluir no vazio, afirmando-se como um partido com ideias claras e com uma vontade férrea de conformar o exercício do poder. O CDS, com a sua expressão eleitoral, que nunca será maioritária, devia assumir a missão de qualificar o debate público e a prática política.

O actual momento do CDS oferece a prova do que já desconfiava. O CDS parece, lamentavelmente, um partido condenado, já que parece disposto a sacrificar uma ideia em nome de uma pessoa. O Dr. Paulo Portas, com os seus inegáveis méritos, já defendeu tudo e o seu contrário. Já piscou o olho aos conservadores, já deu colo aos liberais e já prometeu maravilhas a todos os outros. É evidente que tinha um projecto político que, tendo considerado interrompido, prentende continuar. Um projecto que, julgo que não me engano muito, se esgota em si próprio. Na sua pessoa e não nas suas ideias, que são fluidas e mutáveis. O partido terá de renunciar a uma nítida matriz personalista para abrir o caminho do poder. Não de um poder de Estado, mas de um poder que emana exclusivamente das luzes de um palco privilegiado e das palmas calorosas oferecidas por uma corte de acólitos confortavelmente instalados.

Terá mais sucesso eleitoral? Se calhar ... mas a que preço?

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nem mais.

MSN

3/02/2007 11:26 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Nem mais.

MSN

3/02/2007 11:26 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

É curioso que ninguém se refira à direita, à verdadeira, a que está sempre ausente da "discussão política" nos tempos que correm, pelo menos, desde o famoso e desgraçado 25 do A.
Todos se esqueceram da famosa definição do Freitas do Amaral: o CDS está rigorosamente ao centro.
Então, e a Direita?

3/03/2007 7:46 da manhã  

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